quinta-feira, 21 de março de 2013

REFLEXÕES SOBRE O CLIMA URBANO


Por: José Raimundo Alves

O Clima urbano deve ser considerado como um fenômeno resultante da junção da ação natural com a social que forma um sistema climático estruturado por subsistemas denominados hólons. Ele está bastante interligado a precipitação pluviométrica, que é fenômeno que pode repercutir negativamente na cidade ou ser perturbador; negativamente quando se refere a questão da escassez de água e perturbador quanto a questão das enchentes.
As ações do Sistema Clima Urbano - SCU tende a intensificar as consequências dos fatores limitantes da natureza; sendo que no Brasil os problemas do SCU não são apenas originados da exclusão social mas também de uma especulação imobiliária descontrolada; pois aparecem em cidades desenvolvidas e cidades pobres ou mesmo em bairros ricos e bairros pobres numa mesma cidade. Embora em torno de 80% da população brasileira reside em áreas urbanas a intensificação dos estudos sobre o clima urbano é recente e muitas vezes são apenas informações quantitativas sem análises profundas. Se fizermos uma análise mais detalhada vamos perceber que a questão ambiental não conseguir explicar os problemas atmosféricos urbanos; sendo assim necessários o desenvolvimento da Climatologia Urbana.
Quanto mais intenso é o uso do espaço urbano; maiores são as consequências ambientais; com isso aumenta a necessidade de investimentos em infra – estrutura para compensar o desconforto humano. Incluindo ainda nesse contextos as perdas materiais e as humanas.
O SCU também está relacionado aos aspectos geomorfológicos da região analisada. É importante que nessa análise considere os registros de documentos históricos envolvidos com as questões climáticas urbanas. É ainda uma relação entre o sistema geoecológico e a cidade envolvendo o crescimento demográfico, o problema habitacional, a deficiência infraestrutural, as desigualdades socioeconômicas e a segregação espacial.
O SCU apresenta momentos críticos dos pluviométricos variando de lugares dentro de um determinado espaço urbano. Nesse caso apresenta uma relação de relevância de porte das cidades, sendo; de grande, media e pequena. Nessa ordem as cidades de pequeno porte podem aparecer ainda com uma forte relação climática oriunda do meio rural; enquanto que a cidade de grande porte possui um SCU bem especifico de cidade humanamente ocupada sendo assim uma ilha de calor. Mesmo com características internas próprias o SCU pode sofrer influências da sazonalidade (estações, ciclones e anticiclones); isso também vale para as cidades localizadas em regiões intertropicais com por exemplo as cidades de Teresina – PI e São Luís – MA; onde a primeira propicia uma amenização térmica da atmosfera no intervalo anual que vai de Fevereiro a Junho. A segunda apresenta uma maior circulação atmosférica (ventos) no período que vai de setembro a dezembro. Uma grande cidade que já possui característica de Ilha de Calor – IC não é impedida de apresentar característica de Ilha de Frescor – IF, isso vai depender da influência da sazonalidade e dos acessos de circulação atmosférica.
O planejamento urbano, a distribuição dos edifícios, uma arquitetura adequada, a criação e/ou ampliação de áreas verdes nas cidades devem ser consideradas soluções prioritárias para que se tenha um SCU mais salutar.
Já relação ao estudo clima urbano; é necessário o uso máximo dos recursos tecnológicos que seja por exemplo o termômetro; o pluviômetro ou da imagem de satélite.
A revolução industrial é considerada um fator humano marcante na dinâmica do clima urbano; porque provoca alterações significativas na atmosfera, principalmente no que refere-se a diminuição do albedo. Com isso o SCU deve ser considerado sempre como um sistema aberto com autorregulação; porque sempre terá novos fatores e elementos em sua dinâmica pois o meio ambiente urbano é portador dos fatores bióticos abióticos.. A classificação de uma cidade a partir de transetos com ambientes urbanos menores ajudam a compreender melhor o seu clima urbano. Sendo que a IC e a IF podem ocorrer em mesmo momento numa determinada cidade.
A verticalização urbana pode também provocar redução de luminosidade solar sobre o espaço físico urbano acarretando mais consumo de energia elétrica para produção de iluminação artificial. Daí a necessidade de um Plano Diretor Urbano – PDU bem organizado. No entanto a análise e o estudo da composição física e química da atmosfera relacionando – a com a cidade é muito importante para compreender esse espaço geográfico. Daí investigando mais causas dos problemas climáticos urbanos.
Quanto aos estudos sobre as questões climáticas urbanas brasileiras estão muito ligados a mudança do perfil demográfico de rural para urbano ocorrido nas últimas cinco décadas.
O clima urbano na modernidade é marcado pela aglomeração humana e até a década de 1960 todos os fatores atmosféricos eram estudados sob maneira isolada. Atualmente os estudos sobre o clima urbano leva em consideração a integração dos campos: termo – higrométrico; físico – químico e hidrometeórico. Com isso é possível estabelecer as relações entre IC, IF, poluição do ar e as precipitações pluviais que muitas vezes podem inundar as cidades.
O Brasil passou por uma industrialização tardia e uma urbanização acelerada; originando uma dinâmica climática muito peculiar. Os seus estudos são mais intensos nos grandes centros urbanos ou nas cidades litorâneas. Sendo assim necessário aplicações de tecnologias modernas e investimentos em recursos humanos em todos os espaços urbanos do Brasil e parcerias com os países vizinhos quanto aos ambientes climáticos dos espaços urbanos de fronteiras.

* Professor de Geografia da Rede de Ensino do Estado do Maranhão.

BIBLIOGRAFIA

MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo/Francisco Mendonça. Clima Urbano. São Paulo: Contexto, 2011.