Por: José
Raimundo Alves
O Clima
urbano deve ser considerado como um fenômeno resultante da junção
da ação natural com a social que forma um sistema climático
estruturado por subsistemas denominados hólons. Ele está bastante
interligado a precipitação pluviométrica, que é fenômeno que
pode repercutir negativamente na cidade ou ser perturbador;
negativamente quando se refere a questão da escassez de água e
perturbador quanto a questão das enchentes.
As ações
do Sistema Clima Urbano - SCU tende a intensificar as consequências
dos fatores limitantes da natureza; sendo que no Brasil os problemas
do SCU não são apenas originados da exclusão social mas também de
uma especulação imobiliária descontrolada; pois aparecem em
cidades desenvolvidas e cidades pobres ou mesmo em bairros ricos e
bairros pobres numa mesma cidade. Embora em torno de 80% da população
brasileira reside em áreas urbanas a intensificação dos estudos
sobre o clima urbano é recente e muitas vezes são apenas
informações quantitativas sem análises profundas. Se fizermos uma
análise mais detalhada vamos perceber que a questão ambiental não
conseguir explicar os problemas atmosféricos urbanos; sendo assim
necessários o desenvolvimento da Climatologia Urbana.
Quanto
mais intenso é o uso do espaço urbano; maiores são as
consequências ambientais; com isso aumenta a necessidade de
investimentos em infra – estrutura para compensar o desconforto
humano. Incluindo ainda nesse contextos as perdas materiais e as
humanas.
O SCU
também está relacionado aos aspectos geomorfológicos da região
analisada. É importante que nessa análise considere os registros de
documentos históricos envolvidos com as questões climáticas
urbanas. É ainda uma relação entre o sistema geoecológico e a
cidade envolvendo o crescimento demográfico, o problema
habitacional, a deficiência infraestrutural, as desigualdades
socioeconômicas e a segregação espacial.
O SCU
apresenta momentos críticos dos pluviométricos variando de lugares
dentro de um determinado espaço urbano. Nesse caso apresenta uma
relação de relevância de porte das cidades, sendo; de grande,
media e pequena. Nessa ordem as cidades de pequeno porte podem
aparecer ainda com uma forte relação climática oriunda do meio
rural; enquanto que a cidade de grande porte possui um SCU bem
especifico de cidade humanamente ocupada sendo assim uma ilha de
calor. Mesmo com características internas próprias o SCU pode
sofrer influências da sazonalidade (estações, ciclones e
anticiclones); isso também vale para as cidades localizadas em
regiões intertropicais com por exemplo as cidades de Teresina – PI
e São Luís – MA; onde a primeira propicia uma amenização
térmica da atmosfera no intervalo anual que vai de Fevereiro a
Junho. A segunda apresenta uma maior circulação atmosférica
(ventos) no período que vai de setembro a dezembro. Uma grande
cidade que já possui característica de Ilha de Calor – IC não é
impedida de apresentar característica de Ilha de Frescor – IF,
isso vai depender da influência da sazonalidade e dos acessos de
circulação atmosférica.
O
planejamento urbano, a distribuição dos edifícios, uma arquitetura
adequada, a criação e/ou ampliação de áreas verdes nas cidades
devem ser consideradas soluções prioritárias para que se tenha um
SCU mais salutar.
Já
relação ao estudo clima urbano; é necessário o uso máximo dos
recursos tecnológicos que seja por exemplo o termômetro; o
pluviômetro ou da imagem de satélite.
A
revolução industrial é considerada um fator humano marcante na
dinâmica do clima urbano; porque provoca alterações significativas
na atmosfera, principalmente no que refere-se a diminuição do
albedo. Com isso o SCU deve ser considerado sempre como um sistema
aberto com autorregulação; porque sempre terá novos fatores e
elementos em sua dinâmica pois o meio ambiente urbano é portador
dos fatores bióticos abióticos.. A classificação de uma cidade a
partir de transetos com ambientes urbanos menores ajudam a
compreender melhor o seu clima urbano. Sendo que a IC e a IF podem
ocorrer em mesmo momento numa determinada cidade.
A
verticalização urbana pode também provocar redução de
luminosidade solar sobre o espaço físico urbano acarretando mais
consumo de energia elétrica para produção de iluminação
artificial. Daí a necessidade de um Plano Diretor Urbano – PDU bem
organizado. No entanto a análise e o estudo da composição física
e química da atmosfera relacionando – a com a cidade é muito
importante para compreender esse espaço geográfico. Daí
investigando mais causas dos problemas climáticos urbanos.
Quanto
aos estudos sobre as questões climáticas urbanas brasileiras estão
muito ligados a mudança do perfil demográfico de rural para urbano
ocorrido nas últimas cinco décadas.
O clima
urbano na modernidade é marcado pela aglomeração humana e até a
década de 1960 todos os fatores atmosféricos eram estudados sob
maneira isolada. Atualmente os estudos sobre o clima urbano leva em
consideração a integração dos campos: termo – higrométrico;
físico – químico e hidrometeórico. Com isso é possível
estabelecer as relações entre IC, IF, poluição do ar e as
precipitações pluviais que muitas vezes podem inundar as cidades.
O Brasil
passou por uma industrialização tardia e uma urbanização
acelerada; originando uma dinâmica climática muito peculiar. Os
seus estudos são mais intensos nos grandes centros urbanos ou nas
cidades litorâneas. Sendo assim necessário aplicações de
tecnologias modernas e investimentos em recursos humanos em todos os
espaços urbanos do Brasil e parcerias com os países vizinhos quanto
aos ambientes climáticos dos espaços urbanos de fronteiras.
* Professor
de Geografia da Rede de Ensino do Estado do Maranhão.
BIBLIOGRAFIA
MONTEIRO, Carlos Augusto de Figueiredo/Francisco Mendonça. Clima
Urbano. São Paulo: Contexto, 2011.
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