Por: José Raimundo
Alves*
Historicamente o processo
industrial brasileiro foi baseado na substituição de importações; sendo,
portanto uma indústria voltada para o mercado interno. Esse tipo de
industrialização geralmente está associado a fatores externos tais como crises
econômicas e guerras. No caso do Brasil foram a crise dos anos 1920/30 e a II
Guerra Mundial
O principal entrave da
Industrialização do tipo Substituição de Importações – ISI é a falta de uma Política
Industrial para Exportações – PIE, pois não passa por um planejamento
industrial e nem uma produção de tecnologia competitiva. É indústria que
geralmente foi dependente de incentivos fiscais e com pouca ousadia
empresarial. Daí a explicação para o pequeno destaque dessa indústria no campo
internacional. É ainda uma indústria sem política industrial ou com uma política
industrial sem objetivos definidos.
A partir dos anos de 1980 a indústria
brasileira passou a ter uma concorrência internacional; onde a formação dos
blocos econômicos cobra da indústria nacional uma maior competitividade
tecnológica e gerencial. Nesse processo aparece a fragmentação da produção
industrial a qual, provoca mudanças econômicas comerciais; originando então certa
vulnerabilidade externa. O Brasil não ficou sozinho nesse processo. Também
ocorreu a abertura econômica da América Latina, fato que agravou ainda mais o
desequilíbrio econômico do mundo. O MERCOSUL é um exemplo claro das novas
mudanças comerciais no mundo.
Os anos de 1990 foram marcados
por uma nova abertura econômica brasileira; fazendo com que a economia
brasileira passasse da décima economia para a sexta economia brasileira. Nessa
mesma década também ocorreu a entrada de grande quantidade dos produtos
importados; inicialmente dos produtos japoneses e posteriormente com os
produtos chineses e coreanos. É também a vez do surgimento de um novo perfil
nos grupos empresariais; bem como a entrada e a saída de empresas tanto no
Brasil quanto na América Latina. Em determinadas situações criou – se uma
economia estruturada em empresas maquiladoras como, por exemplo, a economia do
México em relação ao NAFTA; em proporções menores aconteceram fatos semelhantes
na Zona Franca de Manaus.
Com relação aos problemas de
desenvolvimento industrial, é necessário ter uma política industrial objetiva;
com á articulação dessa política com outros segmentos; tais como educação,
ciência, tecnologia, distribuição de renda, tributação, comércio interno e
externo. No caso do Brasil existem as vantagens em ter uma grande população,
uma imensa quantidade e variedade de recursos naturais e um mercado interno
promissor; porem o país conta ainda com dois grandes problemas: o baixo nível
de escolaridade populacional e alta concentração de renda. Ate mesmo uma grande
distância das instituições científicas e tecnológicas em relação a sociedade; o
país ainda está muito preso a um modelo educacional excludente e muito
burocrático e formalista. É um modelo que se acha dono do conhecimento, o qual
deveria ser sistematizador e colaborador do conhecimento e que talvez não devesse
ser chamado de cientifico; mas de conhecimento social ou pelo menos humano. A
distribuição de renda também é outro problema a ser enfrentado; principalmente
no que refere – se a corrupção dos recursos públicos.
Quanto a distribuição espacial; a
indústria brasileira é estruturada numa divisão interna e regional do trabalho,
onde existem eixos de nacionais de desenvolvimento e cada um deles possui
funções específicos. Portanto é sistema que reproduz o modelo da DIT – Divisão
Internacional do Trabalho, inclusive na mentalidade dos proprietários dos meios
de produção; bem como dos gestores públicos e dos intelectuais brasileiras.
No Brasil há a necessidade de
projetos de produção e engenharia nacional em nível mundial ou de globalização;
mesmo porque há nichos de mercados, tais como: América Latina, África e parte
da Ásia que podem ser perfeitamente aproveitados pela indústria brasileira. Na
resolução dessa questão é necessário a de todos os órgãos de governo em todas
suas esferas conjuntamente com a iniciativa privada, mas a sociedade, isto é,
tem que ser uma ação de país ou de nação. Quanto a inovação; seja ela
tecnológica ou organizacional tem sido a necessidade da sociedade contemporânea
em todas as partes do mundo: por isso o Brasil não pode fica ausente desse
contexto. É claro que qualquer inovação poderá provocar certo rebuliço perante
a sociedade; sendo importante as discussões sociais. A indústria brasileira é
refém do problemas da inovação defensiva; onde o grupo empresarial retém ao
máximo os lançamentos de determinada inovação tecnológica. Em contraponto a
tudo isso é importante que os empreendedores do país faça investimento de parte
de seus lucros em produção tecnológica. Na realidade a indústria brasileira
produz pouca inovação tecnológica; na maioria das vezes pratica o que pode - se
chamar atualização tecnológica.
No Brasil é importante que
pratique uma política cientifica e tecnológica. Como um novo marco legal para a
inovação tecnológica, inclusive no campo acadêmico.
Em relação a mudanças de perfis
econômicas; se os anos de 1960 foram marcados pela internacionalização da
economia brasileira, os anos de 1990 foram marcados pela internacionalização
total da indústria brasileira; é praticamente a falta de qualquer projeto ou política
industrial para o Brasil; situação semelhante para as principais economias
latinas americanas tais como: Argentina, Chile e México.
* Professor de
Geografia da Rede de Ensino do Estado do Maranhão.
POLITICA INDUSTRIAL – 1/ Milton
de Abreu Campanário... [et al.]; [organização
Afonso Fleury, Maria Tereza Leme Fleury]. - São Paulo: Publifolha, 2004.
POLITICA INDUSTRIAL – 2/Gilberto
Dupas... [et al.]; [organização Afonso
Fleury, Maria Tereza Leme Fleury]. - São Paulo: Publifolha, 2004.
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